AUTOCROSS

Construindo a “Fórmula 1 da terra”
Um esporte ainda pouco conhecido do grande público, mas que vem ganhando cada dia mais adeptos e fãs. Este é o Autocross, aquela modalidade composta por carros preparados – cujo design é um misto dos monopostos da Fórmula 1, redesenhado em uma espécie de gaiola – especialmente para corridas de terra. Aliás, com a velocidade alcançando até 203 km/h, ela já é chamada de “Fórmula 1 da terra”.
Cada vez mais popular no interior do Brasil, a categoria vem crescendo a cada ano, com campeonatos sendo disputados em nível estadual e nacional. E um dos responsáveis pela construção desses carros está em Campo Novo do Parecis. O gaúcho Geolar dos Santos Antunes é, de formação, Tecnólogo em Construção Civil e especialista em Segurança do Trabalho, e trabalhava como topógrafo. Após se mudar para o Paraná, passou a se dedicar à mecânica. De lá, trouxe para o Mato Grosso, em 2002, toda a experiência com manuseio em motores até conhecer o autocross.
“Eu trabalhava com mecânica geral, mas um dia apareceu um rapaz que tinha comprado um carro de competição e precisava de preparação. Eu nunca tinha mexido em um daqueles. Durante um tempo, conciliei as duas vertentes, mas decidi me dedicar apenas ao autocross. Em 2007, um piloto comprou um chassi de São Paulo, a entrega demorou e não era o esperado. Tivemos que remodelar e criar um, e foi daí que resolvemos pela fabricação própria”, detalha Geolar.
DESENVOLVIMENTO
Com tantos anos de experiência, hoje Geolar consegue fabricar um autocross em até 33 dias. Ao todo, tem 18 carros em seu portfólio. Segundo ele, não existe produção industrial desse tipo de veículo, uma vez que o trabalho artesanal é desenvolvido por poucos no país – é possível encontrar produção em Piracicaba e Cordeirópolis, ambas no estado de São Paulo.
“Nós fabricamos tudo, do zero até a pista. A dificuldade no início era construir um molde, fizemos com madeira e massa corrida, moldar o autocross inteiro. Depois vem a parte elétrica e a preparação do motor. Usamos um dinamômetro para testar se ele responde às alterações”, explica.
O próximo passo é a carenagem, um pouco mais fácil de trabalhar. “Fiz um gabarito que só sofre as alterações necessárias conforme alguma mudança de regulamento. Apesar disso, cada ano surge um modelo novo. Um dos meus clientes apelidou o modelo 2020 de “Lamborhini do Cerrado”. Mas o principal está ‘debaixo do capô’, porque um autocross alcança 203 km/h. Pelos cálculos que fizemos, de tração, diagrama de forças, vai melhorar em torno de 1 segundo sobre o concorrente. Apesar da velocidade, ele é bastante seguro”.
O custo para a fabricação de uma “gaiola” profissional gira em torno de R$ 100 mil. E qual a recompensa, Geolar? “Ela vem com a conquista de um título. Ver um autocross que você criou representando Campo Novo do Parecis, ganhando uma corrida ou fazendo a melhor volta. Não tem preço que pague”, conta satisfeito.
Hoje, na mecânica de Geolar, estão três chassis em desenvolvimento. “Estes são apenas para corredores locais, até porque o pessoal de outras cidades compra os usados”.
MINI AUTOCROSS
A produção evoluiu ao ponto de Geolar desenvolver um produto próprio para as crianças. Os mini autocross são feitos para os menores de 8 a 10 anos, normalmente os filhos dos pilotos. “Depois das corridas dos grandes, as crianças é que vão para a pista brincar com as ‘mini gaiolas’. Isso acontece em Cuiabá, Tapurah. Fizemos seis já, num custo de R$ 15 mil”, conclui.
Vídeos
Dados do Município

CAMPO NOVO DO PARECIS
Campo Novo do Parecis é um município brasileiro distante 401 km da capital Cuiabá, localizado no interior do estado de Mato Grosso, região Centro-Oeste. Conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sua população foi estimada em 36.143 habitantes, em 2020.
A cidade possui a 9ª maior economia do estado, com PIB (Produto Interno Bruto) dos Municípios de R$ 2.933.729.000 (aproximadamente R$ 2,93 bilhões).
A força de Campo Novo está na agropecuária, que movimenta R$ 1,1 bilhão/ano. Maior produtor nacional de girassol e pipoca, possui cerca de 42% do território destinado às safras de grãos. Dados apontam que, em 2019, foram colhidas 3,11 milhões de toneladas (t) de cana-de-açúcar, 1,18 milhão/t de milho (segunda safra) e 1,27 milhão/t de soja. Também se destacam no setor do agronegócio algodão, sorgo e amendoim.