1ª Ferrovia Estadual deve gerar ciclo de expansão socioeconômica

Mato Grosso assinou na última segunda-feira (20) o contrato para a construção da primeira ferrovia privada viabilizada por meio de autorização por um estado brasileiro.
A F.A.T.O. (sigla para Ferrovia Autorizada de Transporte Olacyr de Moraes) vai conectar a capital Cuiabá e os municípios de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde (ambos ao norte, no coração do agronegócio mato-grossense) a Rondonópolis, no sul do Estado, onde tem início a Ferronorte – uma concessão federal que forma com a Malha Paulista o principal corredor de exportação de grãos do País, via Porto de Santos.
“Mais trilhos fortalecem a nossa economia e, o principal, geram milhares de empregos. A previsão é de mais de 235 mil novos postos de trabalho, que serão gerados não só no processo de construção da ferrovia, mas também por todo o desenvolvimento que o modal vai trazer”, afirma o governador Mauro Mendes.
A última safra de grãos em Mato Grosso (2019/2020) cresceu 9,3%, chegando a 74 milhões de toneladas segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume superou a média de aumento da produção nacional, que foi de 3,8%.
E até 2030 a projeção é chegar a 120 milhões de toneladas, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Para Mendes, o agronegócio será o principal setor beneficiado com a F.A.T.O., mas não o único.
“Os trilhos não chegam somente para atender o campo. Ela também será a ferrovia da indústria e do comércio, pois vai se conectar com a malha ferroviária nacional. Poderemos comprar e vender com mais agilidade e custo reduzido”.
A ferrovia autorizada pelo Estado será construída pela Rumo, que detém a concessão da Ferronorte, feita nos anos 1990 por Olacyr de Moraes, empresário homenageado no batismo da nova ferrovia.
Segundo a Companhia, devem ser investidos entre R$ 9 bilhões e R$ 11 bilhões, com conclusão prevista até 2030. As obras devem começar até seis meses após a emissão da licença ambiental.
Ao todo serão 730 km de trilhos entre o sul, a capital e o norte de Mato Grosso, num projeto que prevê 2 km de túneis e mais de 60 viadutos e pontes. Foram feitos 2.500 estudos de traçado para definir o mais eficiente e sustentável.
“A ferrovia será implementada de forma progressiva, com instalação de terminais à medida que os trilhos avançam”, afirma João Alberto Abreu, presidente da Rumo. “A previsão é que o primeiro terminal fique pronto entre 2025 e 2026”.
A expectativa é de atender tanto o agronegócio quanto o mercado interno, num duplo fluxo. “Temos uma indústria crescente de etanol de milho e biodiesel vindo do Centro-Oeste para o Sudeste. E por meio da nossa operação de contêineres, capitaneada pela Brado, vamos aumentar a competitividade de commodities como algodão e milho, bem como de carnes congeladas e de uma série de produtos industrializados feitos nas duas regiões”, afirma Abreu.