Produtores rurais criticam monopólio e esperam a Ferrogrão

Há mais de sete anos, produtores rurais de Mato Grosso esperam um desfecho sobre a construção da Ferrogrão.
A possibilidade de contar com uma ferrovia que passe a carregar os grãos para o Norte do País, encurtando em quatro dias o tempo de viagem até o litoral brasileiro, além de reduzir a rota até a Ásia e o mercado europeu, foi o que levou os próprios empresários a proporem sua construção.
Ao contrário de todos os demais projetos de grande porte que hoje compõem o plano de expansão das estradas de ferro no país, não brotou do setor público, mas do setor privado.
Foram as tradings que bolaram o projeto. Amaggi, ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus contrataram a estruturadora Estação da Luz Participações (EDLP) para abrir o mapa e riscar o traçado da ferrovia, paralelamente à rodovia Cuiabá-Santarém, a BR-163, uma região marcada por conflitos fundiários e desmatamento.
O fato de o projeto nascer do setor privado decorre diretamente do interesse que as empresas têm no empreendimento.
“Não é só o produtor que precisa dessa ferrovia, isso é um projeto de país, porque ela será um divisor de águas, vai mexer com a economia nacional”, disse o empresário Eraí Maggi Scheffer, dono do Grupo Bom Futuro, empresa que hoje planta soja, milho e algodão em uma área de mais de 500 mil hectares.
Os dados do Movimento Pró-Logística, que reúne o setor produtivo de Mato Grosso, apontam que, anualmente, 72 milhões de toneladas de soja e milho são entregues pelo Estado. Esse foi o volume verificado no ano passado e que deve se repetir em 2021. Até 2030, porém, o cenário previsto é que esse volume salte para 125 milhões de toneladas.
O diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, chama a atenção ainda para o declive da ferrovia, ao longo de seus 933 km.
“Os estudos mostram que essa ferrovia tem início com uma altitude de 384 metros em Sinop para chegar com 15 metros de altitude em Miritituba. Tem algumas serras no caminho, mas são facilmente ultrapassadas e o resultado final é positivo”, diz.
Os cálculos oficiais estimam que a Ferrogrão teria potencial de reduzir o preço do frete em pelo menos 40% no momento que começar a rodar.