Como o conflito entre Israel e Hamas pode mexer no seu bolso e afetar seus investimentos

A guerra entre Israel e o Hamas começou há dois dias, a mais de 10 mil km do Brasil. A distância do conflito, no entanto, é apenas geográfica.
Quando se trata do seu bolso e dos seus investimentos, o confronto está mais perto do que os mapas podem mostrar.
1- PETRÓLEO
O primeiro efeito do ataque surpresa do Hamas ao território israelense deve ser sentido no petróleo. A guerra acontece no quintal dos principais produtores no mundo, entre eles a Arábia Saudita.
Embora tenha terminado a sexta (6) em alta, tanto o petróleo tipo Brent — usado como referência internacional, inclusive pela Petrobras (PETR4) — como o WTI, a referência para o mercado norte-americano, acumulam perdas de mais de 8% na semana e estão longe do patamar de US$ 100 o barril.
A guerra entre Israel e o Hamas, portanto, tem um potencial enorme de fazer o petróleo disparar a partir de amanhã (9), quando os mercados voltam a operar normalmente.
Petróleo em alta é sinônimo de inflação — e é aí que mora o problema.
2- INFLAÇÃO
Os bancos centrais ao redor do mundo travam, desde o início do ano passado, uma batalha contra a inflação e a principal arma para vencer a guerra contra o aumento de preços é o aperto monetário.
O Brasil foi um dos primeiros países a iniciar o aumento da taxa de juros e agora vive um momento de afrouxamento monetário. O mesmo, no entanto, não acontece com o principal banco central do mundo, o Federal Reserve (Fed).
O fato de os preços ainda estarem longe da meta nos EUA é o principal responsável pelo atual nível da taxa básica de juros no país: 5,25% a 5,50% ao ano, o maior patamar em 20 anos.
Portanto, se o petróleo retomar a trajetória de alta por conta da guerra, as chances de aceleração da inflação no mundo é grande.
3- INVESTIDORES
O fato de o petróleo subir e alimentar a inflação, já coloca por si uma pressão sobre os investidores.
A cereja do bolo da possível alta do petróleo em reflexo do conlifto entre Israel e Hamas é a pressão sobre os juros projetados pelos Treasurys, como são conhecidos os títulos de dívida do governo norte-americano.
A alta dos yields dos Treasurys significa queda de ativos de risco como ações e a penalização de ativos emergentes, inclusive os brasileiros, além da valorização de refúgios em tempos de incerteza como o dólar e o ouro.
Nesta semana, os investidores assistiram a disparada dos juros dos Treasurys — que atingiram o maior patamar em 16 anos. Ontem, os yields dos títulos com vencimento mais longo, de 30 anos, bateram na casa dos 5%.
Os juros dos Treasurys são usados como referência para praticamente tudo no mundo: de financiamento imobiliário a crédito bancário.
Portanto, se os yields desses títulos disparam, pesa no bolso do investidor.