Da era Vargas ao sucesso tecnológico

Da era Vargas ao sucesso tecnológico
Muito antes do primeiro colonizador registrado oficialmente começar a executar seu audacioso projeto de transformar uma área de planalto de mata densa e inexplorada em um município promissor, que anos mais tarde viria ser referência em produção agrícola no Mato Grosso, a região de Nova Mutum já era explorada por um libanês que semeou as primeiras sementes em 169 mil hectares. Com os seguidos fracassos agrícolas proporcionados pela falta de conhecimento de solo e clima da região, os Jaudy venderam sua área para José Aparecido Ribeiro que, junto de outros agricultores, se aventurou na cultura do arroz. Diante dos primeiros resultados...algumas poucas sacas vendidas a míseros R$ 4,50... a desistência seria um caminho. Mas ele não descansou e ouviu os conselhos de “um homem do governo”. Decidiu angariar mais produtores, engajados pelo sentimento de buscar uma vida melhor, de fazer riqueza e serem personagens principais da história de um município em franca expansão. Dos primeiros e poucos grãos colhidos, pela persistência do seu povo, Nova Mutum no auge da sua terceira década de existência oficial começa a traçar novos rumos. Ao invés de migrar sua base econômica, busca alternativas para agregar valor e garantir o futuro promissor das novas gerações, tão prometido há mais de 50 anos por aqueles que ali chegavam. Conheça a história de Nova Mutum nesta linha do tempo. A cidade que foi profetizada e hoje prova que a fé pode sim fazer o que parece impossível acontecer.
DÉCADA DE 40
Tudo começou com a intenção do Governo Federal de colonizar a Amazônia para garantir que o Brasil tivesse áreas agricultáveis para suprir a fome dos futuros anos 2000. A região da agora Nova Mutum estava no eixo da futura BR-163 e se mostrava promissora para o governo Getúlio Vargas, que queria colonizar as grandes áreas do Centro-Oeste, todas as terras devolutas chamadas de Marcha para o Oeste.
DÉCADA DE 50
Jorge Rachid Jaudy, um libanês mascate, era o dono da Gleba Iracema, uma propriedade quase no centro de Mato Grosso, onde pretendia, junto com sua família, transformar em um município, Jaudylândia.
1956
Rachid começa efetivamente a colonizar os primeiros 32 mil hectares, trazendo centenas de famílias da região de Araçatuba (SP) para cultivar café, borracha, arroz, mandioca, milho e feijão. A promessa era de que aqui no Mato Grosso as lavouras de café eram prósperas. Para convencer os paulistas, o libanês mostrava fotos de cafezais de outros lugares como se fossem mato-grossenses.
INÍCIO DA DÉCADA DE 60
A maior parte dos migrantes começou a abandonar a Gleba Iracema. Já tinham percebido o golpe da foto no qual caíram ou mesmo desmotivados pelas dificuldades, como doenças, distância de grandes centros, estradas sem infraestrutura...
1966
Ao se ver desmotivado pela baixa rentabilidade de suas lavouras e já praticamente abandonado pelos migrantes, Rachid decidiu vender a área e se aventurar por Rondônia, em busca da extração da borracha. Neste mesmo ano, então, José Aparecido Ribeiro compra 169 mil hectares do libanês..
1967
...e começa, com um grupo de empresários paulistas, a executar o projeto aprovado junto à Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) de uma das primeiras fazendas implantadas na região. O objetivo era ter pecuária em 120 mil hectares, sendo 54 mil de pastagens e 60 mil de reservas florestais: cria, recria e engorda de bovinos, divididos em dois grandes núcleos, o Arinos e o Mutum. Os outros 56 mil hectares seriam aproveitados futuramente, ainda sem destino certo. Tem início então a 'era do gado
1971
A rodovia BR-163 começa a sair do papel. O 9º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC) do Exército Brasileiro de Cuiabá junto com o 8º BEC de Santarém (PA) começa a construir o que será uma das principais rotas de escoamento da produção agrícola do Nortão de Mato Grosso.
1973
Um técnico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), ainda órgão estratégico do Governo Militar, chamado de o “Japonês”, que prospectava as cidades na Amazônia Brasileira com alto potencial agrícola com o objetivo de atender a fome nos anos 2000, disse (segundo o que contam os pioneiros): esse planalto é o futuro do País em produção agrícola.
1974
Certamente essa frase ficou na memória de José Aparecido Ribeiro que no ano seguinte plantou seus primeiros 200 hectares de soja, milho e arroz. Tem início então a 'era dos grãos.
1978
Ano em que os planos começam a mudar. José Aparecido Ribeiro destaca 100 mil hectares de suas terras para implantação de um projeto de colonização, hoje o município de Nova Mutum. Sua empresa, a Mutum Agropecuária, criou toda a infraestrutura necessária para o início das atividades, como pontes, estradas, usina hidrelétrica, rede elétrica, rede de água. No núcleo urbano a empresa construiu as primeiras casas para acolher os pioneiros que ali chegaram, além de posto de saúde, escola e alojamentos.
Neste mesmo ano os primeiros agricultores assinam o contrato de compra de terras:Adoniro F. da Rosa, Alcides D. Cerati, Alfredo C Horn, Almiro Kogler, Anselmo Sand, Antonio S. Darolo, Clacerio J. Pereira,Clovis P. Dallagnol, Eriberto Class, Fidêncio Berti, Frutuodo S Silva,Gaspar S. Martins, Gisele Confortin, Jorge Luiz Wilges da Rosa, Marino G. Galle, Mário Dluzniewski, Piraja L. Baso, Reinaldo Baldissera, Selmiro E. Shafer, Valter R. Silva, Waldemar Casagrande, Walter Krauspenhar.
1979
Outros novos 47 produtores chegam a Mutum: Adão Dluznigwski, Adelino Noiman, Ademir Heck, Adgar Kretschmann, Alberi Kogler, Alfonso Hunger, Alvise Confortin, Antônio I. Gregory, Antonio Mulinari, Antonio Olmar Mulinari, Ari Pozzolo, Casemiro Brugnera, Danilo Santo Polesso, Darci S. Silva, Darcy Acker, Dirseu Angelo Galiazzi, Dorismar L. Baruffi, Edemar Kretschmann, Ediberto Claas, Egidio Lini, Enio Carlos Comin, Ervino Wendelino Junges, Gilson Moraes, Ingo Prescha, Ivo Demarco, Jaime L. Vierira, João Evaldo Rambo, José Silva, Laiuro S. D. Costa, Luiz Bertoldo, Miguel Ramos, Miguel V. Souza, Miguel Viera de Souza, Nilson C. Spanholi, Osmar Bach, Osvaldo Coelho, Paulo F. De Moraes, Pedro Faccio, Pedro O M Monterio, Rogerio Aires Basso, Setembrino Amadeu Vieira, Setembrino Masu, Valdirco de Souza, Valter Boscardin, Vivaldino Leonhart, Walter Becker, Zilmir Teckio.
1980
Semelhante ao lema do Governo Federal de “Integrar para não Entregar”, Ribeiro facilitava a compra de terras para colonizar a futura cidade. Quem comprava um lote na área rural ganhava dois na urbana. E assim surgiram os 550 hectares mutuenses iniciais.
1981
No dia 26 daquele ano a então “Vila Mutum” tornou-se distrito de Diamantino e passou a se chamar Nova Mutum
POR VOLTA DE 1983
Chegam na cidade o primeiro médico, Dr. Kazan, e a primeira enfermeira, Doroti Chagas.
POR VOLTA DE 1984
A enfermeira, após prestar inúmeros atendimentos de casa em casa, realizar partos e até ser doadora de sangue em nome da saúde dos enfermos, abre sua própria farmácia. Aos poucos a Vila começa a ganhar forma de cidade.
1985
Eleito o primeiro vereador por Nova Mutum, Alfredo Christiano Horn, quando a Vila ainda era distrito de Diamantino.
1988
Em 4 de julho, pela Lei nº 5.321, de autoria do deputado estadual Hermes de Abreu, sancionada pelo entaõ governador do Estado de Mato Grosso, Carlos Bezerra, Nova Mutum é emancipada. Neste ano também chegam à nova cidade: Edemir Lini, Carlos Sessi,Nelson Luiz Piccolo, Mauri Antoni Hunger, Valdemar Hunger
1989
Eleito o primeiro prefeito, Boleslau Dziachan, com Francisco Pinardi de Moraes como vice.
1990
É fundada a Coopermutum, cooperativa que possibilitou aos primeiros moradores viabilizarem a criação de suínos para comercialização. Tem início a 'era dos suínos'. Neste mesmo ano é também fundada a Credimutum, hoje Sicredi Ouro Verde, resultado da fusão da Credimutum com a Credilucas.
1991
É fundada a Intercoop. Uma cooperativa que unificava a Coopermutum e cooperativas de Lucas do Rio Verde e Sorriso para viabilizar matéria-prima para o frigorífico que começava a ser construído no mesmo ano
1993
JoséCarlos Menolli e Alcindo Uggeri são eleitos o segundo prefeito e vice, respectivamente
1997
Boleslau Dziachan assume seu segundo mandato como prefeito, ocupando a terceira cadeira do Executivo, agora com Aldo JoséOro como vice.
1997
É inaugurado o primeiro frigorífico de Nova Mutum, para, além de abater, industrializar os suínos criados na região. O objetivo era agregar valor tanto às criações, quanto ao milho e soja produzidos, transformando-os em ração. Hoje, o frigorífico ocupa a segunda posição no Estado em volume de abate de suínos e a 12ª no Brasil.
2001
O atual prefeito é eleito pela primeira vez. Adriano Xavier Pivetta tem como seu vice Lirio Lautenschlager. Pivetta foi o prefeito mais jovem do Brasil naquele pleito eleitoral.
Com expectativa inicial de abater 24 mil aves por dia, iniciam-se as atividades do frigorífico, inicialmente chamado de Mary Loize Indústria de Alimentos LTDA, de propriedade de Valmir Maran, Jaco Moacir Maran e Arnaldo Ribeiro Pereira. Tem início então a 'era dos frangos'.
2002
O frigorífico Mary Loize é vendido ao grupo Perdigão com abate de 60 mil aves por dia e posteriormente se tornou a BRF Foods.
2003
Criada a Comarca de Nova Mutum, pela Lei Estadual no 133, do dia 03 setembro. Hoje é considerada de 2ª Entrância, com sede proṕ ria e constituid́ a pelas 1ª e 2ª Varas e Juizado Especial, além de Justiça do Trabalho (Vara Itinerante do Trabalho), um Cartoŕio de Registro Civil, um Cartoŕio de Registro de Imov́ eis, Cartoŕio Eleitoral e Conselho Tutelar contando com cinco conselheiros.
2005
Primeiro prefeito reeleito em sequência de mandato, Adriano Xavier Pivetta passa a administrar o município ao lado de Alcindo Uggeri, seu vice-prefeito
2009
Foi realizada a primeira aula da Escola de Música de Nova Mutum ou Orquestra Jovem de Nova Mutum (OJNM). Hoje o projeto social e cultural atende cerca de 350 crianças, adolescentes e jovens, a partir dos seis anos de idade oferecendo gratuitamente o ensino dos diversos instrumentos de orquestra sinfônica, além de viola caipira, flauta doce, musicalização e coral. Com sua experiência como vice-prefeito, Lirio Lautenschlager se lança para a Prefeito e é eleito o sexto prefeito, com Sadi Ribeiro Ramos na cadeira de vice.
2013
Adriano Xavier Pivetta com Leandro Felix Pereira é novamente eleito prefeito.
2017
Adriano Xavier Pivetta segue ocupando a cadeira de prefeito ao lado de Leandro Felix Pereira.
2018
Oficializada a doação de 200 hectares para implantação do Distrito Industrial e Parque Tecnológico. Além de abrigar novas empresas e indústrias, o objetivo é trabalhar a pesquisa e o treinamento e capacitação de pessoas nas mais diferentes áreas tecnológicas.
2019
Nova Mutum chega aos seus 45 mil habitantes de acordo com o IBGE. Extraoficialmente, são 60 mil moradores a um crescimento anual de 10%. Ou seja, o desenvolvimento da cidade caminha para que em 20 anos tenha 200 mil habitantes. Parece audacioso, mas as sementes estão sendo plantadas agora, para que Nova Mutum tenha no futuro altos níveis de desenvolvimento e real qualidade de vida para quem aqui more ou invista. Tem início agora a 'era do etanol'. Com investimentos na ordem de R$ 1,8 bilhão, a implantação de duas gigantes do produto em Nova Mutum fecha o ciclo de verticalização da agricultura, aproveitando a cadeia produtiva do milho, antes 'rejeitado' pelo mercado, para produção de 1,330 bi de litros de etanol por ano
Dados do Município

NOVA MUTUM
Nova Mutum é um município brasileiro no interior do estado de Mato Grosso, região Centro-Oeste. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua população foi estimada em 46.813, em 2020 – dados municipais apontam que seja mais de 60 mil habitantes.
O município possui a 8° maior economia com PIB de R$ 2.783.980.890 (R$ 2,78 bilhões).
Grande parte da sua economia é voltada para a agricultura, sendo o segundo maior município produtor de grãos de Mato Grosso e um dos maiores do Brasil. Com uma área de 410 mil hectares de soja plantada, é o 3º maior exportador do estado e 41º do país. Mutum é a 8ª cidade do Brasil no ranking indicador econômico, quesito “comercio exterior”, e 28ª colocada no indicador social, quesito “saúde”, entre os melhores municípios do Brasil para se viver com população até 50 mil habitantes.
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