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Nova Mutum

NOVA MUTUM

Publicado em 21 de Outubro de 2019 ás 13:02 , por A NOVA POTÊNCIA DA AGROINDÚSTRIA

A NOVA POTÊNCIA DA AGROINDÚSTRIA 

 Nova Mutum vive o auge da sua expansão urbana e se torna extremamente atraente para investidores que irão contribuir para a transição do segundo para o terceiro setor da economia, verticalizando e industrializando sua produção agrícola.

Acompanhe nas próximas páginas como esse jovem município, movido pela vontade incessante de seu povo, superou crises, reverteu cenários e hoje recebe duas gigantes do etanol de milho, parque tecnológico, faculdades e começa a expandir seu território urbano para receber a nova população que chegará, com um cuidado ímpar com seu povo, muito engajado na busca por qualidade de vida e bem estar social e econômico.

 

Quem chegou em Nova Mutum há mais 30 anos veio com a coragem de desbravar um território desconhecido, pouco dinheiro, quase nada de estrutura e muita esperança de que seria nesta terra que conquistaria uma vida melhor.

Levados pelo espírito empreendedor e visionário de seu colonizador, os primeiros produtores rurais tiveram de se adaptar ao clima que era diferente do sul ou sudeste do País, maior parte de onde vieram os primeiros moradores, que acabou por inviabilizar algumas culturas ou forçou os migrantes a buscar alternativas de trabalho, algumas sem qualquer experiência.

Cenário que não durou muito tempo. Com rapidez impressionante, Nova Mutum passou por um processo de expansão urbana e em pouco mais de duas décadas já contabilizava mais de 30 mil habitantes. Expansão que criou a necessidade de estruturação nas mais diversas áreas. Aos poucos foram chegando os comércios, as escolas, igrejas, bancos, órgãos públicos...a cidade passou a oferecer serviços antes somente acessados na Capital Cuiabá.

Nesse interim algumas crises econômicas afetaram seus moradores, inclusive a classe produtora. A promessa de que Nova Mutum seria um dos maiores produtores agrícolas do Brasil por vezes foi jogada pela terra que parecia produzir apenas bens inviáveis. 

Era geral a dificuldade enfrentada para produzir o café, soja, arroz, milho que produzia até bem, mas não tinha valor de mercado. Veio então o sentimento para quem morava aqui de beco sem saída: ou voltavam para de onde vieram ou encontravam outros meios para trabalhar e sobreviver.

Felizmente a segunda opção prevaleceu e agora é a vez de Nova Mutum!

A VERTICALIZAÇÃO DA AGRICULTURA

Suinocultura é o marco do desenvolvimento de Nova Mutum

 

Com crise financeira instalada logo após a emancipação do município, produtores se viram sem saída e buscaram alternativas para não regredir o caminho. Criação de cooperativas próprias para crédito e produção trouxeram esperança e contribuíram para o que o município é hoje

 

Muito antes de se falar em agroindustrialização de Nova Mutum, é preciso considerar como a produção agrícola se manteve até que o desenvolvimento atingisse outros níveis. Nesse processo, o município teve dois marcos importantes para chegar onde está hoje. O primeiro foi sua colonização em si, feita por um homem visionário, que enxergava além do seu tempo e fez o que, na época, parecia loucura para povoar a pequena Vila Mutum.

O segundo foi a criação de cooperativas que possibilitaram aos produtores rurais a recuperação financeira e o investimento para verticalizar a cadeia produtiva que começava a engatinhar.  

No primeiro aniversário de Nova Mutum, em 4 de julho de 1989, no meio de uma crise financeira e econômica que assolava o Brasil, sem condições de pagar as contas da produção que pouco rendeu, os produtores começaram a discutir as possibilidades da diversificação da produção. “Era encontrar uma alternativa ou voltar para trás. E o pior é que muitos sequer tinham dinheiro pra voltar, pois até quem tinha terra aqui era o mesmo que nada, as grandes áreas valiam nada. O problema era regional, ficamos perdidos”, conta Valdomir Ottonelli, produtor e hoje presidente da primeira cooperativa criada em Nova Mutum.

Entre os anos de 87 e 88 iniciava uma transição da produção de grãos, do arroz, que não havia se viabilizado para a soja que começava a dar resultado e o milho, que rendia até bem para a realidade do período, cerca de 30 a 40 sacas por hectare. Mas sacas que não eram vendidas. “Ninguém queria comprar o milho. O arroz ninguém queria e ainda tinha um problema agronômico, sofria com qualquer estiagem. Tentamos o milho, mas mesmo assim não tinha valor. Gado também não se mostrava viável para pequenas propriedades da colonização. Estávamos longe de tudo e sem estrutura, tanto para escoar quanto para industrializar grãos ou abater animais”, lembra.

Foi então que os produtores decidiram unir as experiências para encontrar alternativas para diversificar e verticalizar a agricultura. Elencaram possíveis matérias-primas: aves, suínos, leite, seringa, algodão... E possíveis metodologias: associação, sindicato, cooperativa... Em votação venceram o suíno e a cooperativa.A ideia era: usar o milho produzido que ninguém queria, transformá-lo em ração para alimentar as criações de suínos, abater e transformar em suíno industrializado para exportação. “Alguns já tinham conhecimento com criação de suínos, outros experiência com cooperativa, desde o Rio Grande do Sul. Tínhamos que agregar valor ao milho e sair na ponta com a linguiça pronta. Além de diversificar, tínhamos uma alternativa para distribuir a renda em todo o ano, pois com o suíno a cada dois, três meses é possível ter retorno”, explica Ottonelli.

Até esse momento, o frete para levar o milho aos portos consumia cerca de 50% do faturamento da carga. Se os produtores conseguissem recuperar ao menos o preço mínimo do grão já estariam no lucro. 

Então as expectativas foram melhorando...

 

AS COOPERATIVAS

Como o problema econômico não era localizado, mas regional, buscaram-se outros produtores que se comprometessem com o projeto. Criar uma grande cooperativa não parecia interessante pelo fato de as pessoas não se conhecerem. Era preciso engajamento, responsabilidade e compromisso com o projeto. Então produtores de Tapurah, Sorriso e Lucas do Rio Verde criaram sua própria cooperativa, assim como Nova Mutum, e em 21 de setembro de 1990 é criada a Cooperativa Agropecuária Mista de Nova Mutum, a Coopermutum. 

Passaram a existir várias cooperativas singulares, formadas por pessoas físicas, para produção de suínos e industrialização do milho. Mas ainda tinha um problema, ninguém tinha dinheiro para investir e nem garantia para conseguir financiamento. “O projeto era grande, já desenhamos toda a cadeia, inclusive o frigorífico para abate, pois naquela época levávamos para Minas Gerais as cargas vivas, e se perderam muitas cabeças nas longas viagens. Então desenhamos o frigorífico ainda tocado a motor gerador, pois não tinha energia aqui. Nessas condições era difícil conseguir quem quisesse investir, os bancos não davam credibilidade, porque não tínhamos pra pagar o custeio nem da soja que era uma atividade que já existia e queríamos dinheiro pra algo que ninguém tinha feito aqui, os bancos não emprestavam”, lembra o presidente da Cooperativa.

A saída foi unir as pequenas cooperativas em uma grande, de segundo grau, formada por pessoas jurídicas, para buscar recursos junto ao Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). Um ano depois, então, é fundada a Integração das Cooperativas do Médio Norte do Estado do Mato Grosso, Intercoop, com a finalidade de buscar recursos para construir a indústria.

Novamente mais um problema: mesmo sendo formada por quatro cooperativas, a Intercoop não tinha garantias para oferecer em troca do financiamento. É nesse momento que o colonizador mais uma vez não pestanejou e parecia já saber da importância futura do projeto. O primeiro empréstimo foi de 11 milhões de dólares, com prazo reduzido, e dez mil hectares de terra em garantia, fornecido pelo Grupo Mutum, e outros 12,4 mil ha como garantia dos cooperados. “Não sabíamos como íamos pagar esse empréstimo, mas deixamos pra pensar no problema quando o prazo vencesse [risos]. Porém, a partir da força das pessoas daqui, do engajamento delas, encontramos as soluções para sobreviver e no fim conseguimos quitar a dívida", comemora. 

Então deu-se início, em 1997, às atividades do primeiro frigorífico de suínos do Norte de Mato Grosso. A primeira operação destinou uma carga de carne in natura que consumiu somente 6% do faturamento e as primeiras exportações foram para a Rússia. Mas sobre isso falaremos mais a frente...continue nos acompanhando e conheça as potencialidades agrícolas de Nova Mutum.

CISCANDO EM OUTRO SETOR

Levou um tempo para que o milho produzido em Nova Mutum começasse a ser aproveitado de forma rentável, mas depois de enxergadas as possibilidades de diversificação da agricultura que o grão poderia proporcionar, ele passou a ser a nova mina de ouro dos agricultores.

Já com experiência no Paraná, os empresários Valmir Maran, Jaco Moacir Maran e Arnaldo Ribeiro Pereira utilizaram maquinários usados de uma planta e montaram o segundo frigorífico de Nova Mutum, mas dessa vez para o abate de aves. Com o milho safrinha apresentando boa produção e a fabricação de ração de vento em polpa na Coopermutum, eles teriam o alimento para o frango com baixíssimo custo. 

Finalmente, após muita dificuldade, em 2001 era inaugurado o Frigorífico de Aves Mary Louise. A expectativa era abater 24 mil aves/dia, mas o abate inicial foi de 12 mil cabeças. Desse período para cá, a avicultura de corte apresentou expressivo crescimento no País. Até 2008, conforme dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT), com base na quantidade de alojamentos, o rebanho de corte somente de Nova Mutum seria de 4,5 milhões de aves.

Estimativa que chamou a atenção de grandes indústrias do setor e três anos após ser inaugurado o Mary Louise foi vendido ao grupo Perdigão com abate de 60 mil aves por dia. O investimento de R$ 40 milhões pela gigante agroindustrial reformulou a avicultura de corte no município com o alto nível de investimentos e tecnologia empregados na instalação da planta.

Após a fusão entre Perdigão e Sadia, anunciada em 2009, hoje o frigorífico é a One Foods, uma empresa da Brasil Foods (BRF) com foco na exportação. Atualmente, a planta de Nova Mutum tem 12 mil m² de área construída e capacidade de abate de 325 mil aves/dia, incubatório com capacidade de alojar 10,200 milhões ovos/mês, fábrica de ração própria e rede de mais de 100 integrados que possuem 662 aviários.

Neste ano, a BRF anunciou o investimento de R$ 59 milhões entre as plantas de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde com abertura de mil novas vagas de trabalho, para os próximos dois anos, aumentando, nesse período, em 30% a produção de frango.

IMPORTAR PARA EXPORTAR

Ter uma cadeia produtiva de suínos não era o único objetivo dos produtores que fundaram a Coopermutum e a Intercoop. Além de agregar valor ao milho e exportar carne de suíno e seus derivados, eles também queriam exportar carne de excelente qualidade. Era necessário ter produção de suínos de forma tecnificada, uma novidade ainda no Mato Grosso. 

Além disso, era preciso vencer o entrave da alimentação dos animais. As primeiras matrizes foram trazidas do Rio Grande do Sul, mas a alimentação era a base de arroz. “Nessa região da fronteira do Rio Grande não se cultivava o milho pra ração. Então tínhamos o alimento, mas não servia. Vimos a necessidade de evoluir e começamos a buscar fora. Existia uma única empresa no Brasil que fornecia genética e isso encarecia muito a produção”, explica o presidente da Coopermutum, Valdomir Ottonelli.

Diante desse cenário, a cooperativa começou a importar as primeiras matrizes, avós e bisavós, para iniciar a multiplicação. Foi por volta de 1996 que algumas empresas internacionais começaram a chegar ao Brasil e existiu uma fusão entre a Natural Pork (mutuense) e a Genetic Pork (canadense), o que possibilitou a fundação da Ideal Porc, pioneira em criação de suínos com granja tecnificada, fornecendo os animais para abate na Intercoop. “A ideia é que a Intercoop fosse uma central que tivesse esse núcleo genético, ou seja, ser a base genética da produção de suínos do Estado. Como isso não se consolidou, a Ideal Porc assumiu a empreitada”, explica Valdomir.

A granja iniciou as atividades com plantel de 1.600 matrizes da mais alta linhagem importada para hoje exportar carne suína de primeira qualidade, tendo a primeira etapa de produção 150 mil suínos no primeiro ano, em 2003, sendo 30% vendido como reprodutores e os outros 70% abatido na Intercoop.

Atualmente o complexo de produção tem 200 mil metros quadrados de área construída com as melhores técnicas de ambiência e biosseguridade. Possui 1.300 matrizes, com capacidade de terminação de 280 mil suínos/ano. Após a conclusão da ampliação do complexo serão 27.500 matrizes com produção de 700 mil animais/ano e elevado status sanitário, fazendo parte das 5% das granjas do mundo com um dos melhores status sanitário.

Isso é garantido graças à ração 100% vegetal que é fornecida aos animais. Ela é produzida por meio do sistema integração lavoura e suinocultura, criando um processo sustentável contínuo, verticalizado, econômico e ambientalmente correto. Justamente aquele milho que nos idos do final da década de 80 não era comercializado pelo desinteresse do mercado e acabou forçando os produtores rurais a encontrarem alternativas para agregar valor ao grão e ainda criar uma cadeia produtiva verticalizada e diversificada que garantisse o sustento das famílias e o desenvolvimento econômico de Nova Mutum.

SANIDADE RECONHECIDA 

Existir porque seria o último fôlego de uma categoria sem grandes perspectivas e se tornar hoje referência em produção de suínos no mundo. Assim pode ser descrito o frigorífico Excelência de Nova Mutum. Nome fantasia para a razão social Intercoop, a planta foi adquirida em 2013 por Otaviano Pivetta, deixou de ser uma cooperativa de segundo grau e deu início a um processo de ciclo fechado para produção de suínos com sanidade animal comprovada.

Agora busca aprovação junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para implantar o sistema de compartimentação de suínos, para ser considerado livre da peste suína clássica. O sistema é novidade no Brasil e começou a ser implantado em 2017 com o intuito de que as unidades de terminação de suínos, unidades de genética e frigoríficos se tornem reconhecidos como protegidos contra eventual risco dessas doenças. Proposta que partiu do próprio setor produtivo de Mato Grosso.

O sistema consiste no controle total do risco sanitário, em todos os estágios da produção, desde o material genético, passando pela ração até o abate e industrialização da carne e elimina a questão geográfica, pois cada granja é um compartimento livre de determinada enfermidade, e, em caso de surto de doença em um estado ou região, facilita a manutenção da exportação e o comércio interno. “Esse será nosso diferencial no futuro. Caso ocorra algum caso de doença em Mato Grosso, nossa comercialização não é afetada, principalmente para o exterior, pois estaremos segurados com garantia de 100% de sanidade”, explica o diretor presidente do Frigorífico Excelência, Lauro Tabachuk Junior.

O sistema também possibilita a negociação de mercados mais exigentes em relação à condição sanitária livre da peste suína clássica. “Com isso fecharemos totalmente nosso ciclo produtivo. Hoje não entram animais na planta, somente sai, por conta de nossas matrizes, que são de alto padrão genético. Vamos completar com a comprovação que desde o milho para fabricar a ração é de procedência comprovada. Nosso status de estar entre as 5% de granjas no mundo com status sanitário positivo se manterá”, salienta.

Hoje o frigorífico ocupa a segunda posição no Estado de Mato Grosso em volume de abate de suínos e a 12ª posição no Brasil em volume de abate. Com 21.250 m² de área construída, gerando atualmente cerca de 1,5 mil empregos diretos entre a granja, fazendas e planta de abate e industrialização, 30% da produção é exportada. “Temos hoje três fases de matrizes na granja, cerca de 5,5 mil a 6 mil matrizes, teremos uma quarta fase e passaremos de 2,5 mil a três mil animais abatidos para quatro mil dia”, complementa.

O setor de industrializados tem capacidade para produzir 150 toneladas/dia, divididos em produtos frescais, cozidos e temperados, sendo uma das maiores 

granjas de circuito completo do Brasil. São 620 mil leitões por ano e 16,5 mil matrizes alojadas, todos alimentados com ração 100% vegetal.

GRÃO DOMINANTE

Ainda que o milho tenha expressiva participação no desenvolvimento de Nova Mutum e, agora, na verticalização da economia, como na maior parte dos municípios de Mato Grosso, a soja é predominantemente cultivada e garante grande parte da economia. Inclusive, de janeiro a junho deste ano foi a oleaginosa que dominou o mercado exterior de Nova Mutum, respondendo por 84% de tudo que saiu, sendo 57% triturada, 24% em tortas ou outros resíduos sólidos da extração do óleo e 3,5% em óleo. 

Esses números expressivos não são de agora. Desde a fundação, Nova Mutum figura entre os maiores produtores de soja do Estado. Dados do Perfil Socioeconômico da Prefeitura, relatam que em 2016 a soja colocou o município entre o 4º mais produtivo do grão, tanto no Estado, quanto no País, com quase 1,2 milhão toneladas em uma área de 407 mil hectares.

Os números são tão recorrentes que incentivaram uma das principais empresas de agronegócio e alimentos do Brasil e uma das maiores exportadoras, a investir R$ 210 milhões entre os anos de 2009 e 2013 para implantação de plantas inéditas para a própria empresa.

Em 2009, com aplicação de R$ 150 mi, a Bunge instalou uma moderna esmagadora de soja, destinada ao seu processamento para produção de óleo degomado e farelo para os mercados interno e externo. Construída em 14 meses, a unidade tem 34 mil m² de área edificada, num terreno de 200 hectares, e capacidade anual de 1,3 milhão de toneladas de soja, com a unidade dispondo de um silo para armazenagem de 100 mil toneladas de grãos. Unida esta a segunda maior planta da companhia, primeira na área de extração em uma só linha, nona em industrialização de soja e 28ª unidade mato-grossense da Bunge Alimentos no Brasil.

Já em 2013 foi a vez de inaugurar sua primeira fábrica de biodiesel no Brasil com investimentos de R$ 60 milhões, também em Nova Mutum. Desde então a fábrica vem produzindo aproximadamente 150 mil metros cúbicos de biodiesel por ano.

A BOLA DA VEZ

... Ou seria o grão da vez?

O que era uma dor de cabeça para os produtores rurais de Nova Mutum no final da década de 80, hoje é sinônimo de economia girando e crescendo. A dor de cabeça era da porteira pra fora das fazendas. Ou seja, produzia bem, mas apresentava dificuldade de comercialização, principalmente devido ao gargalo logístico para escoamento. Agora, aquele milho que não tinha mercado e acabou sendo o alimento para suínos e aves que foram matéria prima das primeiras indústrias construídas aqui, atrai duas gigantes do etanol.

Com investimentos na ordem de R$ 1,8 bilhão, ambas plantas terão capacidade para produzir 1,330 bi de litros de etanol por ano. As duas indústrias de Nova Mutum são modelo full, ou seja, produzem etanol utilizando somente o milho, e já estão em construção, com previsão de iniciar as operações em 2020.

Notícia muito animadora para os produtores do cereal dourado de Mato Grosso, principalmente os mutuenses. Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea), a safra 2018/2019 deve render 28,5 milhões de toneladas de milho. Para regiões onde a logística de escoamento ou armazenagem é estruturada o número é bom. Mas para a região de Nova Mutum nem tanto. Ocorre que hoje o município não tem capacidade para armazenar nem a metade de sua produção e enfrenta muitas dificuldades para escoar a produção. “Nossa logística é deficiente, isso já é sabido. Hoje enfrentamos também problemas no embarque nos portos. Se olharmos as lavouras hoje, o dobro do que é armazenado nos silos fica em silobag nos campos”, explica o presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Emerson Zancanaro.

Problema que, para ele e o setor de forma geral, será em grande parte solucionado com a chegada da FS Bioenergia e Ethanol Bioenergia. Com a construção das duas plantas, cerca de 20% da produção da safrinha do milho para 2020 já foi comercializada. “Além de garantir a venda, ainda estamos conseguindo cerca de R$ 0,50 a mais na saca do milho vendida para as indústrias”, comemora.

FS BIOENERGIA

Resultado de uma fusão entre a americana Summit Agricultural Groupe e a brasileira Tapajós Participações, a FS Bioenergia vai investir R$ 1 bilhão para produzir 530 milhões de litros de etanol por ano em Nova Mutum. Para tocar as caldeiras, irá consumir cavacos de eucalipto com zero produção de efluentes, devido seu ciclo fechado em que reaproveita os resíduos do processo produtivo gerando produtos de alto valor agregado.

Além do etanol, a indústria produzirá 340 mil toneladas de farelo de milho, 17 mil toneladas de óleo e cogeração de energia elétrica de 130 mil megawatts, suficiente para abastecer uma cidade de até 55 mil habitantes.

A unidade em Nova Mutum tem potencial para gerar dois mil empregos diretos e indiretos durante a fase de obras e 250 na operação, com capacidade para armazenar 400 mil toneladas de milho e moer três milhões de toneladas do grão.

ETHANOL BIOENERGIA

Fusão da paraguaia Inpasa com a companhia mato-grossense O+ Participações, a Ethanol Bioenergia irá investir R$ 800 milhões na planta de Nova Mutum com a meta de produzir 800 milhões de litros do produto por ano e 9,2 mil toneladas de óleo/ano. Suas caldeiras serão alimentadas com capim braquiária, proveniente das áreas de lavoura e pasto degradado da própria empresa, que já produz milho para ração de suas granjas de suíno, a Ideal Pork, garantindo sua autossuficiência. Durante as obras serão gerados dois mil postos de trabalho e outros 250 na operação.

DO CAMPO AO COMÉRCIO

Quem passa hoje pela BR-163 em Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop percebe um cheiro característico próximo as plantas das usinas de etanol já instaladas. A impressão é que uma panelada de pipoca acabou de sair do fogo. E pode ser que muitos imaginem que a industrialização do milho renda frutos apenas para quem produz o grão.

Nem pipoca nem fomento de um único setor. A industrialização do milho é vantajosa para a economia, para o meio ambiente e em Nova Mutum tem impactos positivos em todos os setores. Um estudo socioeconômico do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais com base em uma planta de Mato Grosso com produção de 500 milhões de litro de etanol por ano – semelhante a de Nova Mutum – identifica níveis significativos de geração de emprego, renda e arrecadação estadual, revelando a cadeia do etanol como uma opção interessante para a emissão de gás carbônico e aumento de benefícios socioeconômicos.

Em média, o estudo aponta que “uma planta que produz 500 milhões de litro de etanol por ano pode gerar um total de 8,5 mil empregos diretos e indiretos somando as fases de implantação e operação, movimentar um total de R$ 1,5 bilhão na economia doméstica, com um valor da produção de R$ 660 milhões em nível nacional e R$ 80 mi em impostos indiretos líquidos e impostos diretos”.

Ainda, “a operação da planta gera anualmente um valor de produção total de R$ 2,5 bilhões e um PIB de R$ 910 milhões. Quase 80% desses valores ficam dentro do Estado de Mato Grosso. Já a arrecadação aumenta em R$ 73 milhões. Um acréscimo de tributação causado pelos efeitos indiretos na economia, adicionais aos R$ 130 milhões anuais em ICMS e PIS-COFINS gerados diretamente pela atividade da usina de etanol de milho”.

EM MUTUM

Com a geração de quatro mil empregos diretos no pico das obras, os investimentos do campo resultam em dividendos na cidade. “São muitas possibilidades de novas oportunidades. Os alugueis valorizam, as construções de casas aumentam e todo o comércio ganha, pois movimenta desde as farmácias, aos supermercados, bares, restaurantes, serviços de transportes, até escolas e prestação de serviços que investe em melhorias para receber essa nova população que chega”, comemora o prefeito de Nova Mutum, Adriano Pivetta.

Na prática, a chegada de novas pessoas também atrai investidores. No município, por exemplo, os maiores investimentos têm sido para abertura de novos loteamentos e implantação de parque tecnológico com laboratório de pesquisa voltado para o setor de produção de alimentos, mas sobre isso falaremos nas próximas páginas...

Veja na prática como a industrialização do milho é benéfica para Nova Mutum.

- MEIO AMBIENTE: 

-sustentabilidade

-fontes renováveis na indústria 

-reprodução florestal pela necessidade de biomassa 

-aproveitamento de braquiária, cavaco de eucalipto e bagaço de cana

-redução de mais de 70% na emissão de CO2 em relação a produção de gasolina

 

- ALIMENTAÇÃO ANIMAL

-produção de 1,5 mil toneladas/dia do subproduto DDG (que significa grãos   secos por destilação, na sigla em inglês), um farelo proteico do milho e coproduto do etanol de milho

-altamente rentável para alimentação de bovinos

-custo benefício de alto valor agregado para alimentação dos rebanhos

-resulta em maior qualidade da carne

 

- RETORNO RÁPIDO

-três dias para transformar milho em etanol

-liquidez imediata para indústria e fornecedor

-dinheiro em circulação no mercado o ano todo

 

-ENERGIA ELÉTRICA

-o funcionamento das caldeiras pode gerar até 120 mil megawatts hora de energia elétrica que pode ser adicionada a rede

-energia limpa e renovável

 

-VALORIÇÃ0

-1 tonelada de milho em grão vale R$ 366,00

-transformado em etanol vale R$ 1.110,00

-em alimentação animal vale R$ 1.830,00

-valor agregado de 400%

 

-EM NOVA MUTUM

-abertura de 3 mil vagas de trabalho

-interesse de universidades em implantar campi

-abertura de 15 novos loteamentos que somam ???? em área e ???? lotes

-implantação de parque tecnológico para fomento de start-ups com foco em pesquisa de produção alimentícia agrícola

-instalação de atacarejo supermercadista

-“empurrão” para que o Governo do Estado acelere a conclusão de ferrovias que abrirão caminhos para escoamento de produção e chegada de novas tecnologias

BENEFÍCIOS LOGÍSTICOS

Ainda, a instalação de usinas de etanol, não somente em Nova Mutum, mas no eixo da região Norte de Mato Grosso, na BR-163 não é motivada apenas pela larga produção de milho. Conforme o presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Ricardo Tomczky, presidente da UNEM (União Nacional do Etanol de Milho), os investimentos respondem à demanda crescente no Brasil por etanol, principalmente o hidratado, após o mercado da gasolina passar a refletir seus reais custos de produção. 

“Mas as limitações de logística no Estado também favorecem o interesse das empresas. O milho, se não for consumido localmente, precisa ser transportado a longas distâncias, o que eleva seu preço. Então, comprando e processando aqui, ele se torna matéria-prima de baixo custo”, explica por meio da assessoria.

A esperança dessas empresas é, sem dúvida, a conclusão dos projetos de ferrovias que irão melhorar a logística do Estado, abrindo mais e mais baratas possibilidades de escoamento do etanol para outros estados e para o exterior...



 

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Nova Mutum

Dados do Município

NOVA MUTUM

 

Nova Mutum é um município brasileiro no interior do estado de Mato Grosso, região Centro-Oeste.  De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua população foi estimada em 46.813, em 2020 – dados municipais apontam que seja mais de 60 mil habitantes.

O município possui a 8° maior economia com PIB de R$ 2.783.980.890 (R$ 2,78 bilhões).

Grande parte da sua economia é voltada para a agricultura, sendo o segundo maior município produtor de grãos de Mato Grosso e um dos maiores do Brasil. Com uma área de 410 mil hectares de soja plantada, é o 3º maior exportador do estado e 41º do país. Mutum é a 8ª cidade do Brasil no ranking indicador econômico, quesito “comercio exterior”, e 28ª colocada no indicador social, quesito “saúde”, entre os melhores municípios do Brasil para se viver com população até 50 mil habitantes.

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